Tempo livre não significa repouso. O repouso, como o sono, é obrigatório. O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade de fazermos o que queremos, mas não de permanecermos no ócio.

Bernard Shaw

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A CULPA É TODA DELE! SÓ QUE NÃO


A CULPA É TODA DELE! SÓ QUE NÃO
O mercado corporativo está cada vez mais parecido com uma guerra sem fim, você já deve ter percebido isso. Batalhas são travadas todos os dias, de todas as formas possíveis e imagináveis - seja no corpo a corpo ou por telefone, nas redes sociais, entre os corredores escuros dos fóruns de justiça ou então pelas concorridas licitações. Vale tudo e mais um muito.

Um enfrentamento constante entre o bem e o mal, encenado por nós os outros. Faz parte da cultura de qualquer empresa cativar os seus e desprezar tudo aquilo que se refere à concorrência. Não que isto seja de um todo nocivo à organização, desde que se preservem níveis saudáveis de relacionamento entre ambas as partes. Mas as coisas podem ir bem além. As mumunhas muitas vezes se espalham entre os próprios setores da mesma organização, contagiando o humor dos colaboradores com desentendimentos que vão desde pequenas discussões à brigas bem sérias.

É uma situação até que bem "comum", não escolhendo data nem local para acontecer. Infelizmente uma perda de tempo daqueles que brigam para com eles mesmos: em vez de estarem trabalhando juntos pelo mesmo objetivo, deixam suas emoções falarem mais alto, não levando a lugar algum. Os efeitos disso são óbvios: insatisfação, individualismo, baixa produtividade e a falta de resultados respingando por toda a empresa, aumentando a pressão para atingir as metas cada vez maiores. Uma verdadeira bola de neve. Sabemos que brigar não leva a nada. Mas de vez em quando não dá para segurar, certo?

Por que isso acontece? 
Bem, dentre os vários problemas emocionais que inevitavelmente levamos de fora da empresa para dentro dela, um muito presente é o de cuspirmos no outro aquilo que não suportamos em nós mesmos, justamente por não sabermos como lidar com isso. Estamos falando daquelas ideias e emoções que não são apenas indesejadas por nós, mas totalmente inaceitáveis pelo nosso consciente e que, de uma forma ou de outra, atribuímos ao outro. A Psicanálise deu um nome para este tipo de acontecimento psíquico -  se chama projeção

Vale lembrar que quando falamos em Psicanálise e do campo emocional abordado por ela, estamos fazendo referência aos conteúdos dispersos no inconsciente. Portanto você não sabe que eles estão lá, mas que de toda forma guiam a sua vida. A projeção é a maneira como seu aparelho psíquico encontra para finalmente libertar estas emoções reprimidas. Aquele contrato não fechado com o cliente não foi culpa nossa, foi ele quem desistiu na última hora. Não temos nada a ver com projeto que deu errado, foi mau olhado, viu? Nem mesmo nos responsabilizamos pela meta individual que não foi atingida: os outros é que estão determinando seu fracasso. Sim, estão todos lhe puxando para baixo!

Assumir as próprias falhas profissionais e as consequências que elas trazem nunca é uma tarefa fácil, muito menos prazerosa. E claro, quando não desapegamos um pouco de nós mesmos para pensar com a racionalidade que nossa posição profissional exige, projetamos aquilo que não queremos ver em nós próprios nas outras pessoas - a culpa é sempre do mundo. Não nossa. Isso representa um certo alívio, afinal você precisava tanto encontrar um culpado e dizer o que sente, o "que ele merecia ouvir", não? No entanto não passa de um processo inconsciente de expulsar o desejo que lhe incomoda em você mesmo.

Mas não se assuste: a projeção é um processo psíquico natural, do qual todos compartilhamos dela em menor ou maior grau. É uma forma do psiquismo diminuir a ansiedade, projetando suas falhas no outro na tentativa de evitar o desconforto que seria mexer nas próprias emoções. O real problema começa quando o colaborador incita opiniões divergentes sobre determinado assunto no momento errado, com as pessoas erradas ou na forma imprópria como coloca para discussão, originando conflitos e mais conflitos. Muitas vezes, de grandes proporções, quebrando laços de relacionamento que favoreceriam o desenvolvimento profissional de cada um dos envolvidos.

É... o mercado corporativo está cada vez mais parecido com uma guerra sem fim, mas talvez você não tenha percebido o quanto isso depende de recursos psíquicos para que ela ocorra. Em se tratando da projeção, não há sequer como imaginar. Conhecer a si próprio é um caminho longo e árduo para o sucesso, porém extremamente gratificante.

Fonte: O Psicanalista.com

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